O primeiro objetivo, naquele que considera ser um “ano zero”, é a manutenção. É desta forma que Ricardo Pinheiro, novo treinador do Calvão, quer encarar a época que brevemente se inicia. A’O Ponto, o treinador de 42 anos que é natural de Aveiro fala sobre as dificuldades na construção do plantel mas mostra ambições de jogar de forma atrativa para atrair adeptos ao estádio.
Quem é o Ricardo Pinheiro?
O meu nome é Ricardo Pinheiro, tenho 42 anos, sou natural de Aveiro e estou desde sempre ligado ao futebol. Fiz toda a formação no SC Beira Mar e fui jogador, a nível sénior, na Terceira Divisão Nacional. Com 27 anos lesionei-me num joelho e nunca mais pude jogar. A partir daí comecei a tirar os cursos de treinador – tenho o nível III, atualmente – e a nível da formação já treinei todos os escalões. Como treinador sénior já treinei o Gafanha no Campeonato Nacional de Seniores, já treinei a equipa B do Gafanha, treinei o Vista Alegre no campeonato Safina… entretanto fiz um interregno de dois anos e quando houve o convite do Calvão, aceitei.
Porque é que decidiu ser treinador?
O meu primeiro ano como treinador, de alguma forma, foi nesse em que estive lesionado. Eu queria estar ligado ao futebol de alguma forma e descobri que podia ser por aí. Comecei a treinar jovens muito cedo e por incrível que pareça tenho muitos atletas neste momento num patamar muito alto. Posso falar-lhe em duas épocas nos infantis do Beira Mar em que fomos campeões distritais, sendo que no segundo ano não houve qualquer derrota. Depois transitei para o Gafanha onde me propuseram entrar nos campeonatos nacionais e conseguimos ficar entre as 16 melhores equipas do país. No ano seguinte, mantivemos a equipa e fomos à terceira fase com Benfica, Sporting e Porto. Mais tarde acabei por treinador os seniores do Gafanha e do Vista Alegre.
O que é que o aliciou no projeto do Calvão?
Houve um investimento em termos de infraestruturas e em condições para os atletas. Acho que nestas divisões ninguém joga por dinheiro apesar de haver algumas equipas, que não é o caso do Calvão – que, quase de certeza absoluta, é o orçamento mais baixo desta divisão – mas eu continuo a achar que o dinheiro não ganha jogos. É o trabalho, a entrega e dentro do sermos amadores, sermos o mais profissionais possível. E há um investimento muito grande também na formação, fizemos uma equipa de juniores do zero. Neste momento, toda a Direção está muito empenhada para que as coisas corram bem. Eu não gosto de individualizar ninguém mas, neste caso, tenho de falar da vice-presidente Helena [Domingues] que tem feito um trabalho brutal.
Como foi pensado o plantel?
O Calvão mantém três jogadores: o Miguel [Oliveira], o Tomás [Jorge] e o Gonçalo [Silva]. De resto são todos novos. No início, a minha expetativa era de que seria muito fácil fazer um plantel porque eu sou conhecido, porque treinei mais de mil atletas e conheço todos os atletas de todo o lado. Mas quando chegas a sénior, por muito bom que seja o projeto, a primeira pergunta que o jogador te faz é quanto é que vai ganhar. Eu posso dizer que houve alguns atletas que não vieram porque pesou a parte financeira e porque nós temos clubes dentro do concelho que estão a militar na divisão abaixo e que pagam mais do que o Calvão. Mas eu considero que ninguém está ali por dinheiro, estão porque preferem ter condições de trabalho. Hoje, ao fim de um mês de treinos, penso que estão muito contentes com a escolha que fizeram. Não sabemos como vai ser o campeonato, sabemos que vamos honrar a camisola e só prometemos trabalho e um futebol positivo.
Sem pontapé para a frente.
A maior parte dos atletas que estão neste projeto fizeram formação noutros clubes. Ainda agora aproveitámos o Ricardo Braga, que fez a formação toda no Beira Mar, que jogou no campeonato nacional no Gafanha e no Águeda. Temos o Samuel Dias que esteve na Seleção Nacional de sub-15, sub-16, sub-17, temos outros atletas que jogaram clubes como Benfica, Sporting ou Porto como é o caso do Gabi Lopes, do Manel, entre outros.
Então quais são os objetivos?
O objetivo é fazer a manutenção o mais depressa possível. Numa série pequena há dois ou três que vão lutar para subir e o resto vai lutar para não descer. Nós somos uma equipa muito nova… portanto, eu não vou exigir muito dos meus atletas. Vou exigir que joguem um futebol bonito, que chamem público e que evoluam. Se conseguirmos fazer a manutenção de uma forma rápida… depois, jogo a jogo, traçamos outros objetivos.