A experiência gastronómica servida no segundo dia do VSG foi uma verdadeira viagem pelo mundo das especiarias. Combinações improváveis, algumas até arriscadas, no final de contas faziam o match perfeito quando se fundiam na boca. Mas vamos por partes: Primeiro prato, da autoria do chef Jeferson Dias, tal era a delicadeza do Tártaro de atum por cima de uma camada de ostra, com um toque de pepino que colocou os restantes pratos numa posição bem difícil de superar. O vinho escolhido e talvez dos que mais gostei, dado a sua suavidade partiu da inteligente escolha do sommelier André Figuinha – Titan of Douro Vale dos Mil, 2020. Seguiu-se a proposta do chef Hugo Alves que transformou uma das partes menos nobres do porco numa espécie de chouriço de orelha fumada, que fazia de cama a uma fatia de cavala, regada com molho vinagrete. “Difícil de superar” dizia eu e ainda bem que estava enganada. O terceiro prato foi um 11/10, muito embora as opiniões se tenham divido na mesa essencialmente pelo intenso sabor a amendoim. Eu que adoro, comi e repetiria se não tivesse outras 3 experiências pela frente. Mas não descurando aquele que para mim foi o melhor prato da noite, tratava-se de uma lula e alcagoita envoltas em tinta de choco e um cremoso molho de amendoim. “O polva” foi a proposta do Chef António Loureiro, já António Lopes levou-nos aos sabores do Ribatejo com o Tinto de 1997, Quinta Grande. O quinto momento coube à única chefe de cozinha presente no cardápio da noite, Ana Magalhães, que transportou todas as suas origens para aquele prato. “Sabores da feijoda”, descontruíu por completa a típica imagem que temos dela, para um requintado que reflexe a alta gastronomia do Six Senses, Douro Valley Lamego, onde trabalha atualmente. Quanto ao sabor, era rico e aconchegante e com a ajuda de um Tinto António Saramago Superior 2013, tornou a experiência ainda mais agradável. Por fim, a sobremesa, um chocolate São Tomé e Príncipe em três camadas, Fava Tonka, Framboesa e Baunilha, que poderia funcionar na perfeição se fosse servida uma porção menor. O jantar terminou com o discurso de chef Tony Martins a agradecer e elogiar todos os chefes, que, tal como o próprio, já receberem o título de “Melhor cozinheiro do ano” fechando a cantar os parabéns a Paulo Pinto, da Costa Verde. De Salientar o profissionalismo dos serventes que integram o curso de restauração na EFTA que com o máximo rigor e elegância pousavam e retiravam os pratos como se de uma coreografia se tratasse.