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Neste primeiro jantar, partimos numa verdadeira viagem à descoberta dos sabores conquistados pelos portugueses ao logo de séculos de mercantilização de especiarias.  Navegámos por África, fomos às índias mas foi na terra quente e tropical do Brasil que assentámos. Rodrigo Oliveira, Chef de renome no país de Vera Cruz, mostrou-nos o orgulho nas coisas simples da cozinha brasileira, e na sua raiz nordestina influenciada pelos produtos e sabores africanos. Para comer à mão, como em África, um dado crocante de tapioca e queijo coalho contrastava com um cherne fresco e levemente picante que despertou na boca todas as pupilas gustativas. Para compor, um alvarinho com a indispensável acidez sugerido por António Lopes. Se a entrada deixou marcas, o primeiro prato não se ficou por menos. A simpática Cristina Rubina veio de Madrid para nos mostrar que é aqui, junto ao mar, que está o maior tesouro gastronómico, o peixe. Um robalo curado sobre cama de marisco em especiarias, gerando uma espiral de sabores, foi o momento da noite para um aficionado de peixe… como eu. Estava tudo naquela pequena peça que enchia o prato. O vinho, o mais neutro possível para não estragar. Um branco, riesling, trazido por Nuno Graça. Miguel Moura Menezes trouxe-nos um polvo com ouro e prata acompanhado por puré de batata doce e molho de especiarias, combinando bem com o Terra de Palma, um alvarinho e arinto. O prato de carne de Inês Beja e Nuno Fonte, com uma excelente apresentação, foi também o menos consensual. Uma composição bastante generosa de carne de porco. As carolas de milho com nabiça, contrastavam bem e foram uma agradável surpresa, dando espaço ao duelo de sommeliers. Gonçalo Patraquim com um Baga vinhas velhas do Dão. Já Sérgio Marques, honrou as suas origens madeirenses com o Berbeito, um verdelho doce e fresco. A fechar a noite, Miyuki Kano levou-nos de volta ao Brasil com uma Kasutera de mel e tapioca que casou na perfeição com o Moscatel Alambre, sugerido por Gonçalo Mendes. Em busca dos palatus perdidos viajámos por vários continentes e encontrámos na Vagueira as maravilhas que há séculos os portugueses descobriram para o mundo.


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