Nesta edição do Jornal O Ponto, é com a maior satisfação que acedo ao convite que me foi formulado, no sentido de poder dar a minha colaboração nesta que é sempre uma data feliz, tratando-se da comemoração de um aniversário.
E é-o, desde logo porque, aos dias de hoje, as dificuldades por que passa a comunicação social no seu geral são tremendas. Esta é uma realidade transversal à questão nacional, regional e local.
Considero que estas limitações são particularmente preocupantes, tendo em conta que toda a Comunicação Social desempenha um papel absolutamente determinante na manutenção e incremento da qualidade da nossa Democracia, através do inestimável trabalho que desempenha, noticiando com verdade e rigor os factos que fazem o pulsar dos dias das nossas comunidades, regiões e, em última instância, do nosso país.
Temos todos que valorizar muito mais os nossos órgãos de informação. “Não há democracia sem liberdade de imprensa e não há liberdade de imprensa se os jornais, as rádios e as televisões estiverem falidos”. Estas foram palavras do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, proferidas há três anos. Entretanto instalou-se a pandemia, ela passou e as condições da Comunicação Social continuam preocupantemente periclitantes.
Como atrás referi, estas dificuldades são transversais a toda a Comunicação Social, mas torna-se importante referir que, eventualmente, os mais penalizados são mesmo os meios de informação que trabalham a proximidade, o local, que têm menos meios humanos e de financiamento, que têm maior limitação em aceder ao mercado e de conseguir a necessária publicidade, que é o único meio de sustentabilidade que têm ao seu dispor.
Têm, por isso, que ter uma muito maior resiliência, um significativamente renovado empenho e uma tremenda dedicação para fazer chegar ao público em geral o fruto do seu trabalho.
Por isso, a todos os órgãos de comunicação social local do concelho de Vagos e, em particular ao Jornal O Ponto, do qual tive, há muitos anos atrás, o privilégio de poder fazer parte da equipa que se propôs renovar e revitalizar (com sucesso) este órgão de comunicação social vaguense de referência, eu quero prestar a minha mais sincera homenagem.
Nem de propósito e muito a propósito, não acreditando que a escolha tenha sido inocente, a temática desta edição passa muito pelas redes sociais. Estas têm, de uma forma inquestionável, méritos que importa reconhecer, mas também enfermam de vícios inquietantemente perigosos.
Foi através do advento da “social media” que foi possível comunicar de uma forma mais rápida, promover produtos e serviços, fazer marketing ao segundo, proporcionar a cada cidadão as ferramentas para poder comunicar e comentar a seu bel-prazer, de uma forma livre e fortemente desinibida.
O problema aparece quando se confundem as redes sociais com meios de informação, porque não o são. Porque não obedecem a um código deontológico, porque não estão obrigadas ao contraditório, porque não verificam os factos antes de um “post” no Facebook ou no Instagram, que feitos incorretamente podem trazer danos, muitas vezes irreparáveis a pessoas e instituições. Como se, de repente, em cada um de nós pudesse haver um jornalista. Não pode!
Depois vêm as meias-verdades e as mentiras, classificadas com a glamorosa expressão “fake-news”, ou notícias falsas. Ora, só se combatem as notícias falsas com informação de qualidade e só se tem informação de qualidade, escrutínio e rigor, apoiando a comunicação social, sobretudo a de proximidade.
Deixo esta reflexão e deixo também os mais rasgados Parabéns a toda a equipa deste jornal que é um Ponto de referência na informação local, pela qualidade que todas as suas equipas lhe emprestaram ao longo deste tempo.
Presidente da CM Vagos