Campanhas de visibilidade e conscientização para diversas questões relacionadas à saúde tem sido cada vez mais divulgadas, refletidas e trabalhadas. Apresentam-se de forma consecutiva no calendário, agora, setembro foi o mês de prevenção do suicídio e o dia internacional do idoso, comemorado a 1 de outubro, abriu portas ao mês sénior. Ambas oportunizam a reflexão sobre a situação dos idosos na sociedade.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que para cada suicídio consumado há cerca de vinte pessoas que o tentam. Entre a população sénior, a razão entre tentativas e suicídios efetivados chega a ser de aproximadamente dois para um. Isso demonstra que os mais velhos são menos ambivalentes em relação a morte, ou seja, tem menos dúvidas em relação à antecipação do fim.
Alguns sinais muitas vezes são uma forma de despedida silenciosa da vida e não devem ser negligenciados por familiares, amigos e profissionais de saúde. Doenças incapacitantes, a dor física, as dificuldades de acesso à saúde, a falta de recursos financeiros, a solidão, o abandono e outras tantas violências praticadas contra os idosos podem levá-los a desejar a própria morte. Nesse processo, é preciso ouvir a pessoa, entender sua história e resgatar projetos que ficaram relegados, retomar atividades que, em algum momento, foram fonte de alegria e de prazer. Desta forma ajudamos a construir um novo sentido, significado e direção.
A definição qualidade de vida, pode e é variável. No sentido comum, poderia ser definida como um estado no qual nos sentimos bem social, física, espiritual e emocionalmente. Obviamente não conseguimos estar plenos em todas as essas esferas ao mesmo tempo, mas podemos ajustar ao possível.
Os avanços nas pesquisas científicas, as descobertas médicas e o maior acesso aos serviços de saúde possibilitaram um grande aumento na esperança de vida. Quando se fala de promoção da saúde na população sénior, os temas mais abordados são: alimentação, atividade física, vacinação, rastreamento de doenças e mente ativa. A parte da sexualidade é muitas vezes posta de lado. Seja por tabu ou porque se ache desnecessário falar.
A sexualidade está longe de ser apenas a relação genital. O afeto, o contato físico e a relação saudável com o próprio corpo acompanham a vida sexual em todo o ciclo vital e é uma peça de todo esse puzzle que é o bem estar.
Precisamos superar a visão que considera o idoso um estorvo relegando-o ao isolamento social ainda que indiretamente. É importante valorizar a sabedoria e a experiência das pessoas mais velhas, promovendo um envelhecimento ativo, digno, com reconhecimento social e familiar.
Pensar em serviços sociais, políticas e ações que estimulem esses fatores voltados para a população idosa exige um esforço de diferentes setores da sociedade: governo, instituições e sociedade.
Zelar pelos direitos das pessoas idosas significa promover políticas públicas que levam em conta as necessidades dos mais velhos; garantir a não discriminação no ambiente de trabalho; lutar contra os abusos físicos, verbais e psicológicos; contra a negligência e o abandono por parte da família; a exclusão social e o isolamento
É importante reconhecer que envelhecer faz parte da nossa jornada e todos merecíamos viver essa fase com dignidade e afeto.